Está aí uma
fala que, infelizmente, é frequente em alguns lares. Na ânsia de querer mostrar
aos filhos que os adora, que os ama, muitos pais enche-os não somente de carinhos
e afetos, mas principalmente de mimos e bens materiais. Desta forma, confiam
que estão evitando que seus filhos sofram as mesmas dificuldades que eles
provavelmente passaram. Outros ainda, enganados sobre a importância de cada
atitude, acreditam que somente os recursos materiais são suficientes para
substituir o amor e o carinho que não oferecem, por julgarem não ter tempo.
Na ilusão de que
estão provendo seus filhos nas suas necessidades, acabam deixando-os mal
acostumados pelos possíveis excessos que oferecem. Não percebem, mas dão a eles
também pouca disposição para conseguir o que se quer com recursos próprios já
que não estão sendo treinados nem mesmo estimulados para tal. Têm tudo o que
querem e na maioria das vezes, além do necessário.
Alguns teóricos
da educação e desenvolvimento defendem que a melhor maneira de se desenvolver é
através dos estímulos a que somos submetidos. Quando isso acontece, nosso
cérebro reage buscando soluções, nossa mente viaja em busca de recursos, nosso
ser se fortalece, pois o conjunto, corpo e mente, passa a trabalhar com mais
intensidade.
Sem estes
estímulos, tendo tudo o que se quer e muitas vezes, em proporção exagerada,
estamos sem perceber, ensinando a nossos filhos que para ter, basta pedir.
Alguns vão mais longe e aprendem que não é somente pedir, tem que chorar, fazer
birra, jogar-se no chão etc. Aí sim conseguem.
Acontece que a
vida não é exatamente isso. Como diz aquele ditado, “não é assim que a banda toca”.
A vida é cheia de surpresas e contradições, e você deve estar preparado para
elas, sendo assim é de sua responsabilidade permitir que seus filhos também
tenham recursos para tal.
Nossos pais,
devido algumas dificuldades que tinham no passado ou até mesmo pela cultura
ambiental daquele momento exigiam mais de nós, começávamos a trabalhar mais
cedo e éramos mais cobrados quanto aos resultados na escola, auxilio no lar,
etc. Desta forma aprendíamos que não se pode ter tudo o que se quer e que não
adiantava chorar, tinha que fazer jus, merecer.
Quem viveu nesta
época e se dá o trabalho de observar, verá que estes ensinamentos começam a
fazer sentido na medida em que a vida te obriga a fazer escolhas, ter forças
para superar rejeições e solução para as dificuldades que se apresentam.
Hoje
infelizmente nossas crianças não estão sendo preparadas para estes
enfrentamentos. Os pais estão muito mais preocupados em se livrar de um
problema do que assumir de fato a sua responsabilidade com a educação. É muito
mais cômodo dizer sim, sem se dar conta de que está apenas postergando ou até
mesmo alimentando um mau costume, e mais, lá adiante as consequências poderão
ser muito piores.
Portanto não se
esqueça das suas obrigações. Lógico que temos que prover nossos filhos de
conforto e bem estar, porém temos que estar atentos aos excessos. Estar
preocupados em oferecer aquilo que realmente necessitam, no momento certo, na
hora certa. Temos que ensina-los a entender o valor de um não, pois somente
assim estaremos preparando-os para terem um futuro sem traumas ou
desequilíbrios e principalmente, provendo-os de coragem e recursos para as
conquistas de cada um.
SP 06/02/2015
Augusto Amaral Dutra.
Psicólogo Clínico.
Fone (11) 9 9933 5486
e-mail: augustodutra@terra.com.br
facebook – Augusto
Amaral Dutra
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